terça-feira, 2 de março de 2021

 

Fala pessoal!

Quero bater um papo sobre o livro Leviatã, um dos livros mais densos e difíceis que li, confesso.

Hobbes crê na possibilidade de uma lógica pura, um raciocínio muito rigoroso. Leviatã creio seja o livro mais famoso do filósofo inglês Thomas Hobbes, publicado em 1651 e parece bem atual. Nele Hobbes alega serem os humanos egoístas por natureza. Com essa natureza tenderiam a guerrear entre si, todos contra todos. Assim, para não nos exterminarmos uns aos outros será necessário um contrato social que estabeleça a paz, a qual levará os homens a abdicarem da guerra contra outros homens. Mas, egoístas que são, necessitam de um soberano, o próprio Leviatã punindo aqueles que não obedecem ao contrato social, que pode ser uma pessoa tanto quanto um grupo, eleito ou não.

Hobbes faz um esforço de análise da sociedade partindo dos seus componentes básicos, o Homem e as suas sensações. Define as várias paixões e sentimentos de maneira impessoal e com base em princípios científicos da época, século XVII.

Descreve o Homem em seu Estado Natural como egoísta, egocêntrico e inseguro. Ele não conhece leis e não tem conceito de justiça. Ele somente segue as suas paixões e desejos temperados com algumas sugestões de sua razão natural.

E seguindo essas paixões, e com os recursos limitados, ali haverá competição, que leva ao medo, à inveja e a disputa. E neste especto podemos fazer até um pequeno paralelo com o filme “O Poço”.

Assistiram O Poço? Se não, vejam bastante interessante. Mas isso é outra estória.      

Semeada a desconfiança, perde-se a segurança de confiar no próximo. Na busca pela vitória derruba-se os outros pelas costas. Para Hobbes, os homens são iguais nas capacidades e na expectativa de êxito, nenhuma pessoa ou nenhum grupo pode, com segurança, reter o poder.

O conflito, portanto, é contínuo, e "cada homem é inimigo de outro homem". Nesse estado de guerra nada de bom pode surgir. Enquanto cada um se concentra na autodefesa e na conquista, o trabalho produtivo é impossível.

Não existe tranquilidade para a busca do conhecimento, não existe motivação para construir ou explorar não existe lugar para as artes e letras, não existe espaço para a sociedade só "medo contínuo e perigo de morte violenta". Então a vida do homem nesse estado será "solitária, pobre, sórdida, brutal e curta". Por outro lado, os próprios homens almejariam uma ordem ansiando pela garantia de paz, assim, um Estado que garantisse essa paz, essa vida acordada. Assim como acontece com as crianças e adolescentes que clamam na verdade para que seus pais coloquem limites.

No livro ainda vemos questionada a dignidade e a honra como valores. Ser considerado valoroso, é ser honrado, e quanto mais difíceis forem as tarefas a lhe serem confiadas mais honroso será este homem. E não é assim até hoje?

Percebe ainda ser a Primeira lei natural: "procurar a paz, e segui-la" e a Segunda lei natural: "Faça aos outros o que queres que te façam a ti". Até os dias atuais ainda não aprendemos a usar essas duas leis naturais tão simples. Talvez porque o mais simples seja a condição mais sofisticada.

No entanto, para que essas duas premissas possam permear a nossa vida pactos devem ser celebrados, e mais, precisamos realmente cumprir os pactos que celebramos. Nossa palavra deve ser cumprida, esse é um lema que trago e utilizo em minha vida.

Mas em geral o que vemos é que promessas não são suficientes para pôr em prática qualquer o acordo. Uma promessa que não pode ser obrigada a ser cumprida não serve para nada quando realizada por alguém que tem como premissa estas duas leis naturais.

Resumidamente, mas muito resumidamente, as idéias de Hobbes virtualmente não fizeram ninguém feliz. Ele era monarquista demais para o pessoal do contrato social e, para os monarquistas, era influenciado demais pelo contrato social; além do mais, seus pontos de vista chocaram muitas pessoas que os consideraram ateístas. O fato é que seu pensamento era complicado e idiossincrático demais para qualquer um engolir facilmente. Contudo, continua influenciando e assim será por gerações.

Já leram? Gostaram?

Me contem..

Valeu!

Emerson Morresi






segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

 

Fala, pessoal!

 

Não sei quanto a vocês, mas eu tenho o hábito de leitura, o que contribui muito para meu raciocínio e aprendizado. Hoje quero falar com vocês um pouco sobre o que diz Maquiavel no livro “O Príncipe”.

Quero fazer um paralelo com a conquista de mercado e das atitudes do empreendedor. O que vemos hoje é uma constante busca por novos mercados e oportunidades.

Por vezes os mercados, que aqui vou chamar de principados, conquistam o nicho de outro e outras vezes eles são herdados.

Maquiavel em O Príncipe, faz uma distinção entre os principados e diz que pode ser hereditário ou novo. Diz, que nos Estados hereditários há bem menos dificuldades para conservá-los, bastando não desprezar as regras ancestrais. Ao contrário, nos Estados novos, após a conquista, sempre tem a necessidade de oprimir os conquistados. Não sendo possível, manter a amizade daqueles que foram a favor da própria ocupação e ainda com desejo de obter benesses do novo príncipe.

Maquiavel afirma que há três modos de conservar Estados conquistados que, antes, estavam habituados a viver conforme suas leis. “A primeira é destruí-los, a segunda é habitá-los pessoalmente e a terceira é deixá-los sob suas leis, garantindo um tributo e criando um governo de poucos, dos quais conserve a amizade. Afirma, enfim, que não há maneira segura de possuir a província, a não ser destruindo-a.”

Que nos principados inteiramente novos, o novo príncipe encontrará maior ou menor dificuldade dependendo do seu próprio valor. Afirma que “o fato de se tornar príncipe pressupõe sorte ou valor, mas aquele que depende menos da sorte conserva-se mais no poder.”

Afirma que os que, pela sorte, passam de cidadãos comuns a príncipes, a muito custo conseguem manter-se no poder. Não encontram grandes dificuldades no caminho do poder, mas todas as dificuldades surgem quando já estão nele instalados.

O livro é denso e nos traz uma gigantesca gama de possibilidades de discussões filosóficas, mas vamos por ora parar aqui e pensarmos.

Qual o paralelo podemos traçar com os negócios? Como podemos enxergar os conceitos de Maquiavel neste mundo tão próprio.

Me atrevo a dizer por experiência e não conceito, que vejo sim um paralelo.

Eu procuro em minha vida sempre construir. Este é meu lema a construção. Penso que sozinho ninguém faz nada, então é construindo junto com parceiros que vemos uma possibilidade real de futuro. Futuro para todos.

Nos negócios antigos, os tradicionais, que são passados de pai para filho, empresas já estabelecidas, que chamarei aqui de principados hereditários para traçar o paralelo, vemos estruturas já consolidadas como nichos de mercado, forma de atuação, forma de administração, enfim todo o necessário para a sua manutenção. Não significa que não possa ser reciclado, modernizado ou alterado em suas estruturas, mas estão consolidadas.

Em tese, a menos que haja um revés, elas se mantem em pleno funcionamento seguindo a estruturas existentes.       

No caso de empresas novas, aquelas que são criadas do zero, colocadas em pé, partindo do olhar empreendedor e com uma vontade gigantesca de construir, faço aqui um paralelo com o principado/estado novo, onde após a conquista, surge “a necessidade de oprimir os conquistados, não sendo possível, além do mais, manter a amizade ...”

Vamos entender isso de forma figurada, onde a opressão significa ingressar no mercado de forma agressiva, com meios de comunicação em massa, invadindo e conquistando os nichos e mercados existentes.

Claro que quando isso acontece, as empresas estabelecidas não se sentem confortáveis com aquele conquistador que seduz e traz para si os clientes que já estavam estabelecidos em seus principados tradicionais.    

O novo príncipe, aqui visto como empreendedor, terá que possuir uma estratégia pensada e testada, dentro do possível e possuir de fato valor. Valor não no sentido econômico, mas valor de ordem moral.

Pois a destruição por si só, não agrega valor ao seu novo empreendimento. Exercer o poder com critério e moderação, utilizando-o para construir, esta a meu ver é a chave do sucesso. Isto certamente fará com que encontre menor dificuldade.

Maquiavel afirma ainda que o príncipe que tem boa reputação dificilmente será atacado, pois não será alvo de conspirações e que “pode sustentar-se por si só o principado que está em condições, pela grande quantidade de homens ou de dinheiro, de reunir um exército adequado e combater quem o ataque.”

Ou seja, ter estratégia, valor e espírito de construção e respeito aos seus parceiros e inclusive quanto aos seus oponentes.

E ainda, que com bons exércitos e bons amigos; se tiver bons exércitos terá bons amigos, diz Maquiavel.

O empreendedor, deve, como o príncipe esforçar-se por deixar uma imagem de grande homem. E essa imagem se constrói quando se respeita o valor de cada um e busca o bem comum, que deve fazer parte de toda construção.

Penso que neste momento é que construímos de verdade um grande homem. Um grande homem empreendedor.

Diz para mim aí nos comentários o que você acha.

Valeu!

Emerson Morresi    




 

 

    

 

domingo, 25 de outubro de 2020

Você está sendo manipulado por todos à sua volta

Fala, pessoal!

O documentário “O dilema das Redes”, como já havia comentado aqui, possui um gigantesco rol de intersecção com outras áreas do conhecimento. A que mais me chamou a atenção foi a discussão que o filme propõe sobre a psicologia persuasiva ou técnica de persuasão e vendas.


Hoje quero bater um papo com você sobre vendas. Quando falamos em vender, logo pensamos em empreendedorismo, a menina dos olhos de muita gente. Ser empreendedor, em livre conceito, é ter a habilidade ver uma oportunidade e promover a sua realização. 


Em geral, o empreendedorismo é muito utilizado nos negócios, mas ele vai – e ainda bem – muito além disso. Você pode ser empreendedor no seu ambiente de trabalho ao enxergar um ponto diferente do que os demais estão conseguindo alcançar. Ou seja, é ver o que os demais ainda não viram e realizar, afinal uma ideia sem execução não vale nada. 


O que algumas pessoas podem chamar de empreendedorismo, entretanto, pode ter outro significado, anterior ao conceito de empreender – e talvez faça parte dele.


Persuasão e seus dilemas

O documentário “O Dilema das Redes” aborda a utilização de técnicas de persuasão como uma arma das redes sociais para convencer os usuários a agirem de maneira predeterminada por elas.


Um exemplo claro está na frase de Tristan Harris, ex-designer do Google: “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”.  


Esse conceito me remente aos estudos de um dos chamados “gurus do marketing”, o psicólogo e escritor Robert Cialdini, um dos primeiros a trazer a ideia de “gatilhos mentais” ao Brasil, pensamento muito cultuado pelos especialistas em marketing.


Seu livro “As Armas da Persuasão” apresenta alguns dos gatilhos mentais mais eficientes para dominar a mente das pessoas e convencê-las a fazer aquilo que queremos – nesse caso, comprar, seja num ambiente físico ou pela internet.


A reciprocidade, a coerência, a aprovação social, a afeição, a autoridade e a escassez são gatilhos usados à exaustão por quem deseja aumentar suas vendas e conquistar um público fiel.


Marketing e vendas

Trazendo essa análise para o ambiente virtual, o que vemos é que as empresas possuem a real intenção de levar o indivíduo a escolher determinado produto ou serviço baseado na interação da sociedade nas redes sociais. 


Os gatilhos mentais podem ser ferramentas importantes para toda e qualquer pessoa que deseja aprender marketing ou apenas a se relacionar com o meio em que vive.


Por isso, indico este vídeo do canal IlustradaMente, no Youtube, que fez um resumo animado do livro de Robert Cialdini. A obra pode ser adquirida nesse link.



Com vocês, o algoritmo

As redes sociais constroem seus algoritmos de forma a conduzir os usuários a consumir determinados produtos e serviços com base em seus interesses dentro das plataformas.


São, assim, sofisticadas técnicas de influência e venda que atendem aos interesses das plataformas e dos conglomerados empresariais que utilizam sua tecnologia.



São claramente técnicas sutis, mas capazes de acessar nosso subconsciente e nos convencer a consumir determinado produto ou serviço. E nós, bem, nós acabamos não tendo a menor consciência de todo esse processo.


No mundo real ou virtual, nas lojas físicas ou online, o documentário deixa claro que o objetivo das redes sociais – no final das contas – é vender. E te convencer de que você não vive sem o que elas têm a oferecer.


E você, o que acha?


Valeu!


Emerson Morresi