Fala pessoal!
Quero bater um papo
sobre o livro Leviatã, um dos livros mais densos e difíceis que li,
confesso.
Hobbes crê na
possibilidade de uma lógica pura, um raciocínio muito rigoroso. Leviatã creio
seja o livro mais famoso do filósofo
inglês Thomas Hobbes,
publicado em 1651 e parece bem atual.
Nele Hobbes alega serem os
humanos egoístas por natureza. Com essa natureza tenderiam a guerrear entre si,
todos contra todos. Assim, para não nos exterminarmos uns aos outros será
necessário um contrato
social que estabeleça a paz, a qual levará os homens a abdicarem da
guerra contra outros homens. Mas, egoístas que são, necessitam de um soberano,
o próprio Leviatã punindo aqueles que não obedecem ao contrato social,
que pode ser uma pessoa tanto quanto um grupo, eleito ou não.
Hobbes faz um esforço de análise da
sociedade partindo dos seus componentes básicos, o Homem e as suas sensações. Define
as várias paixões e sentimentos de maneira impessoal e com base em princípios
científicos da época, século XVII.
Descreve
o Homem em seu Estado Natural
como egoísta, egocêntrico e inseguro. Ele não conhece leis e não tem conceito
de justiça. Ele somente segue as suas paixões e desejos temperados com algumas
sugestões de sua razão natural.
E
seguindo essas paixões, e com os recursos limitados, ali haverá competição, que
leva ao medo, à inveja e a disputa. E neste especto podemos fazer até um
pequeno paralelo com o filme “O Poço”.
Assistiram
O Poço? Se não, vejam bastante interessante. Mas isso é outra estória.
Semeada
a desconfiança, perde-se a segurança de confiar no próximo. Na busca pela vitória
derruba-se os outros pelas costas. Para Hobbes, os homens são iguais nas
capacidades e na expectativa de êxito, nenhuma pessoa ou nenhum grupo pode, com
segurança, reter o poder.
O
conflito, portanto, é contínuo, e "cada homem é inimigo de outro
homem". Nesse estado de guerra nada de bom pode surgir. Enquanto cada
um se concentra na autodefesa e na conquista, o trabalho produtivo é
impossível.
Não
existe tranquilidade para a busca do conhecimento, não existe motivação para
construir ou explorar não existe lugar para as artes e letras, não existe
espaço para a sociedade só "medo contínuo e perigo de morte
violenta". Então a vida do homem nesse estado será "solitária,
pobre, sórdida, brutal e curta". Por outro lado, os próprios homens
almejariam uma ordem ansiando pela garantia de paz, assim, um Estado que
garantisse essa paz, essa vida acordada. Assim como acontece com as crianças e
adolescentes que clamam na verdade para que seus pais coloquem limites.
No
livro ainda vemos questionada a dignidade e a honra como valores. Ser
considerado valoroso, é ser honrado, e quanto mais difíceis forem as tarefas a
lhe serem confiadas mais honroso será este homem. E não é assim até hoje?
Percebe ainda ser a Primeira
lei natural: "procurar a paz, e segui-la" e a Segunda lei natural: "Faça
aos outros o que queres que te façam a ti". Até os dias atuais ainda
não aprendemos a usar essas duas leis naturais tão simples. Talvez porque o
mais simples seja a condição mais sofisticada.
No entanto, para que essas duas premissas possam permear a
nossa vida pactos devem ser celebrados, e mais, precisamos
realmente cumprir os pactos que celebramos. Nossa palavra deve ser cumprida,
esse é um lema que trago e utilizo em minha vida.
Mas em geral o que vemos é que promessas
não são suficientes para pôr em prática qualquer o acordo. Uma promessa que não
pode ser obrigada a ser cumprida não serve para nada quando realizada por alguém
que tem como premissa estas duas leis naturais.
Resumidamente, mas muito resumidamente, as
idéias de Hobbes virtualmente não fizeram ninguém feliz. Ele era monarquista
demais para o pessoal do contrato social e, para os monarquistas, era
influenciado demais pelo contrato social; além do mais, seus pontos de vista
chocaram muitas pessoas que os consideraram ateístas. O fato é que seu
pensamento era complicado e idiossincrático demais para qualquer um engolir
facilmente. Contudo, continua influenciando e assim será por gerações.
Já leram? Gostaram?
Me contem..
Valeu!
Emerson Morresi
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