quinta-feira, 2 de maio de 2019

Líder do Wikileaks, Assange diz a tribunal de Londres que não quer ser extraditado para os EUA


O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou nesta quinta-feira em um tribunal de Londres que não quer ser extraditado para os EUA, onde é acusado de conspiração em um dos maiores vazamentos de documentos sigilosos da História.

Os Estados Unidos solicitaram a extradição de Assange, que teve seu asilo na embaixada do Equador em Londres revogado por Quito em 11 de abril, sob a acusação de auxiliar a ex-analista de Inteligência do Exército dos EUA Chelsea Manning a desvendar o código de acesso a um computador do governo americano em 2010. A pena máxima prevista é de cinco anos, segundo o Departamento de Justiça.

Questionado no Tribunal de Magistrados de Westminster se concorda em ser extraditado para os EUA, Assange ressaltou, via videoconferência, que não estava de acordo com o procedimento. O tribunal marcou para 30 de maio uma audiência para tratar de procedimentos judiciais. As questões mais importantes do caso serão tratadas apenas em 12 de junho. A decisão sobre a extradição terá lugar dentro de alguns meses, disse a Corte.


O processo pôs a liberdade de imprensa em questão por ser visto como uma ação contra o jornalismo. Nesta quinta-feira, dezenas de manifestantes pró-Assange se reuniram no centro de Berlim, na Alemanha, para protestar contra a prisão do ativista. Entre eles, estava o artista dissidente chinês Ai Weiwei. O grupo usou máscaras que mostravam o rosto do australiano com a boca tapada por uma bandeira americana.



Em abril, o governo equatoriano do presidente Lenín Moreno revogou o asilo do australiano e suspendeu a cidadania que lhe havia sido concedida. A polícia de Londres confirmou que Assange foi preso em resposta a um pedido de extradição das autoridades americanas, mas também em atenção a um pedido da Justiça britânica, que determinara sua detenção quando ele pediu refúgio na embaixada equatoriana acusando-o de violar as condições da liberdade condicional que lhe havia sido imposta em investigação de estupro na Suécia.


Essa investigação foi posteriormente arquivada pela Justiça sueca, mas os advogados de Assange não conseguiram derrubar o pedido de prisão por violação da condicional. Nesta quarta-feira, o ativista foi condenado a 50 semanas de prisão por um tribunal britânico por violar as condições de sua fiança quando se refugiou. O ativista australiano nunca escondeu que tentava evitar a prisão para não ser extraditado aos Estados Unidos.

Manning, que servia no Iraque, foi a fonte de documentos militares americanos e de mais de 250 mil telegramas da diplomacia dos EUA vazados em 2010 e 2011 pelo WikiLeaks, a maior parte deles revelando os bastidores da chamada "guerra ao terror". Mais recentemente, a organização publicou e-mails da campanha à Presidência de Hillary Clinton em 2016 que, segundo a Justiça americana, foram obtidos por hackers russos, o que Assange sempre negou. Detida em 2010, Manning foi condenada a 35 anos de prisão, mas teve a pena comutada por Barack Obama depois de cumprir sete.

Em resposta à prisão de Assange, o WikiLeaks destacou que o Equador violou a lei internacional ao revogar seu asilo "ilegalmente".

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