sexta-feira, 4 de maio de 2018

Por que a Microsoft deu um nome diferente ao novo update do Windows 10?

Por que a Microsoft deu um nome diferente ao novo update do Windows 10?
via IDGNow

A Microsoft liberou nesta segunda-feira, 30/4. o aguardado Windows 10 April 2018 Update, algumas semanas após o esperado - veja aqui como obter agora a atualização.

Como já aconteceu antes, a data de lançamento da nova atualização acabou entrando em conflito com o título alternativo numérico do update, também chamado de 1803 - no formato aamm (ano/mês). Ou seja, o nome da atualização previa um lançamento em março, não no final de abril.

Mas o novo nome do sistema destaca mais do que essa já longa contradição. Veja abaixo as razões mais prováveis pelas quais a Microsoft mudou o título do seu novo update do Windows 10.

Esgotamento dos nomes de estações

Após o Fall Creators Update em outubro do ano passado (algo como Creators Update de Outono), a Microsoft ficaria sem estações neste mês a não ser que estivesse disposta a alterar, se não o ritmo de atualização duas vezes ao ano, então os períodos para lançar uma atualização. (Houve uma época em que virtualmente todo mundo, incluindo a Computerworld dos EUA, presumia que o mais recente update seria chamado de “Spring Creators Update” – algo como “Creators Update de Primavera”, uma pequena mudança em relação ao Creators Update lançado originalmente em abril de 2017.)

No entanto, as reclamações provavelmente poderiam ser ouvidas a quilômetros de distância. Vale notar ainda que esse modelo de nomenclatura é centrado no hemisfério norte, já que no Brasil a primavera começa em setembro e o outono em março.

Por isso, a não ser que resolvesse adicionar numerais romanos, para ter algo como “Spring Creators Update II”, no melhor estilo de Hollywood, a Microsoft se viu obrigada a mudar o nome do update.

De volta ao modelo de datas

Desde o primeiro ano do Windows 10, a Microsoft usou o modelo “aamm”, como outro nome mais curto para os upgrades de recursos, como 1507 (o original), 1511 (o primeiro upgrade do sistema, em novembro de 2015), 1607, 1703 e 1709 (lançado em outubro de 2017).

Apesar de a Microsoft nunca ter explicado a razão pela qual escolheu nomenclatura, provavelmente foi uma opção no lugar de um título numérico diferente, como OS X ou Windows 10.x.

Ao apostar em um esquema de “data como nome”, a Microsoft pelo menos torna mais fácil lembrar quando um upgrade estreou. E isso é importante, uma vez que cada upgrade recebe suporte por um tempo limitado: 18 meses para o Windows 10 Home e para o Windows 10 Pro; 24 meses para o Windows 10 Enterprise e para o Windows 10 Education.

No entanto, a Microsoft pode ter causado uma confusão com o modelo mês/ano. A não ser que a designação anterior (1803) do update atual seja mudada (para 1804), então as duas coisas não irão combinar – já que o lançamento da atualização foi em abril e não em março, como programado originalmente. Qual das datas será usada para iniciar a contagem do prazo de suporte - o abril do título April 2018 Update ou março do nome anterior em 1803?

Nomes cativantes são coisa do passado

Apesar de algumas empresas continuarem dando nomes para os seus upgrades regulares, como a Apple com seus títulos ligados à Califórnia no macOS/OS X, a prática é rara, especialmente para softwares maduros. Por exemplo, foi uma surpresa quando a Mozilla nomeou um dos upgrades do Firefox como “Quantum”, em vez de se referir à atualização apenas pelo número da versão.

Ao adotar o modelo mês/ano como um nome, a Microsoft dispensa a falta de habilidade estranha para repetir, mas ainda manteve a flexibilidade fornecida pelas estações. Com esse modelo das estações, a empresa de Redmond poderia perder, digamos, o seu prazo previsto em setembro com outro Fall Creators Update em um mês, entregando o código em outubro, sem ninguém reclamar muito – talvez até dois meses, com o lançamento em novembro.

Agora, com esse modelo de mês/ano, a Microsoft teoricamente pode atrasar em três ou mais meses um lançamento, desde que o nomeie como June 2019 Update, por exemplo, sem receber críticas pelo nome (mas provavelmente muitas pela demora).

Os consumidores não são importantes

Os nomes do Windows 10, e a maneira como a Microsoft os anuncia, são centrados no consumidor. “Nossa missão com esses updates é criar uma plataforma que inspire a sua criatividade”, disse o então diretor da divisão Windows na Microsoft, Terry Myerson, em um post no blog da empresa na época do lançamento do Fall Creators Update, no ano passado. No mesmo post, Myerson destacou temas como fotografia, games e “realidade mista”; nenhuma dessas áreas são de grande interesse para as empresas, de forma geral.

Abandonar a ideia de um nome cativante – nada soa tão bem quanto “April 2018”, certo? – se alinha melhor com o mercado mais importante do Windows: as empresas. As companhias e corporações não precisam ser “conquistadas” pelo Windows – qual a alternativa a essa altura do campeonato? – ou mesmo pelos upgrades do Windows 10. Uma vez que uma organização adotou o Windows 10, ela está mais ou menos “presa” ao seu cronograma de upgrades. Um departamento de TI pode pular um upgrade, mas realisticamente não mais do que isso, antes de voltar ao ritmo padrão de atualizações.

A ausência de um nome atrativo para um upgrade é apenas mais uma evidência de que a Microsoft considera os consumidores finais clientes menos importantes. Anteriormente, os sinais mais fortes disso tinham sido os upgrades forçados para o Windows 10 Home, e a forma como a Microsoft tinha transformado esses usuários finais em testadores de upgrades. (Apenas depois que os consumidores encontram os bugs, e a Microsoft os soluciona, é que um upgrade é considerado próprio para lançamento entre os clientes corporativos.)

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